"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
Voltaire

sexta-feira, 20 de julho de 2012

RIO+20: FRACASSO TOTAL OU MEIO FRACASSO?


O documento final da Rio+20 ficou a desejar. Não faltaram ideias e motivações para como atuar contra as mazelas globais, e sim interesse. Vontade política que está fortemente ligada ao capital nacional que nenhum país quer comprometer. E as desculpas são inúmeras para fugir da responsabilidade. Pior, é que ninguém quer se posicionar sozinho, nem cuidar do seu próprio quintal. Lastimável posição dos governos do mundo.

Há quase 30 dias deu-se o fim da Rio+20 no RJ. E disso, resultaram acordos de pouco valor engajado. Quer dizer, ninguém quis tomar as rédias da situação de fato. Enquanto os países ricos e seus aliados discutiam as obviedades da pobreza no mundo, dos gastos sem racionalidade e do desprezo pelo bem comum – especialmente de caráter ambiental , o tempo esteve passando sem muitas pretensões.

Sabe-se que a reunião dos 193 Estados-Membros presentes na Rio+20 a fim de se chegar a um consenso quanto a forma de lutar contra a desordem do equilíbrio ecológico aliado ao bem-estar humano era o foco, basicamente. Irrefutável é, o aquecimento global, a necessidade da preservação das águas e florestas, do controle sobre as emissões de poluentes, a proteção à vida. E ainda o capitalismo selvagem resiste em notar que também será vítima caso não deixe de pensar só em suas cifras.

Os países mais pobres não devem ser igualados aos mais ricos. Seria uma tremenda falta de bom senso e egoísmo, principalmente, dos países de primeiro mundo. Mesmo porque, se aqueles – os pobres – são ou estão assim, é justamente devido a ganância e covardia dos super desenvolvidos no passado. Daí as supostas políticas de ajuda humanitária que não solucionam os problemas dos subdesenvolvidos, apenas os atenua. É uma forma mais aburguesada de dizer “olha, eu estou ajudando eles”, ao invés de maneira efetiva auxilia-los em ordem técnica e estrutural, a ultrapassarem este momento de crise social.

Contudo, a sociedade civil não pode ficar de fora das pautas e de seus deveres. Boa parte das pessoas esperam pela boa vontade dos órgãos públicos para agir. Não controlam o uso de sua água encanada, não separam o lixo seletivamente para coleta, preferem consumir combustíveis pesados e poluir, gastando horrores com energia elétrica e besteiras do capitalismo modernoso. Isto é ter e passar para filhos e netos uma ideia de uma consciência sustentável?

Em suma: posso dizer que a Rio+20 foi um fracasso em partes. Boa, porque o assunto não morreu com as gerações ou mudado em metas, ou seja, cada vez mais pessoas se interessam pelo assunto e assim se conscientizam e analisam mais o que é dito. Ruim, porque a atuação dinâmica dos povos tem sido protelada há décadas. Não se fala em lucros para os governos e sim custos. Esta é a razão de tamanha dificuldade neste multilateralismo como disse Dilma e Ban Ki-Moon. Ninguém quer arcar com os custos de sua própria sujeira, que aliás é proporcional: compro mais, sujo mais, logo, gasto mais para limpar. Se cada um fizesse sua parte nesta ocasião, as dificuldades não seriam tão grandes como se preveem hoje.

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